domingo, 20 de dezembro de 2015

A produção literária como mercadoria



A produção literária como mercadoria


Revisitando antigos conceitos da economia, vamos encontrar três grandes blocos de produção, de atividades econômicas, e de uma literatura: setor primário, setor secundário e setor terciário. O denominado setor primário, é onde os produtos de valor econômico estão no uso e exploração da terra. Com a descoberta e exploração do território brasileiro, surgiram algumas literaturas, a começar com a carta de Pero Vaz de Caminha. As terras foram descobertas e divididas entre donatários. O momento da propriedade rural, com produção de cana de açúcar, o ciclo do ouro, e outros minerais.

Depois da exploração dos produtos disponíveis na terra, produtos agrícolas e animais podem ser cultivados e criados. E os novos produtos são oferecidos pela terra, com custo e produção calculados. E os produtos da terra dirigem-se ao setor industrial, o setor secundário, com a transformação de matéria prima, o momento da propriedade industrial. O meio rural provocou conhecimentos: plantios, criações e colheitas, com o estudo do tempo. O setor da indústria provocou conhecimentos de transporte, conservação, transformação e industrialização. Estratégias de logística.

Com produtos provindos direto do meio rural, ou das industrias depois de transformados, são direcionadas às cidades, os grandes centros de negociações de compra e venda. E surge um terceiro setor, denominado de terciário, onde o principal ato econômico é uma prestação de serviços, e então é muito comum uma propriedade comercial, para realizar transações de comercialização de serviços e produtos. E nas cidades também foram produzidas as literaturas. Muitas músicas e histórias saíram de bares e restaurantes. Romances mornos e insossos; quentes e ardentes.

Depois de tantos momentos, tantas pesquisas e tantas transformações, tudo que foi feito e observado pode ser transformado em literatura, com sempre foi. Agora em um quarto momento, com o escritor como artesão de tudo que foi visto e armazenado na sua mente. O artesão escritor usa suas ferramentas: lápis e papel ou máquina de escrever; computador e impressora, e outras tantas tecnologias de informação.

Sem o uso de pesquisas ou laboratórios, as informações estão em toda parte, literalmente na palma da mão. Informações plantadas, inseridas e reunidas na mente geram um conhecimento, o feedback do cérebro. O escritor gera um produto, com características próprias, um texto ou uma dissertação. Um livro ou um artigo, caracterizado pela produção de um conhecimento. O texto é único, e tem um dono, um produtor, que detém a propriedade intelectual.

Um texto ou um livro nada mais é que uma mercadoria produzida, onde o conhecimento acumulado foi a matéria prima, processado por mentes auspiciosas e intelectuais. E tal como uma mercadoria, um livro não pode ser apenas colocado em uma estante, como prateleira, de uma biblioteca ou livraria. Todo produto para ser vendido, usado, apreciado e degustado, precisa de estratégias mercadológicas, para vendas, propaganda e marketing. O escritor, o editor e o distribuidor precisam conhecer seu público alvo. Saber onde estão os seus consumidores.

O público consumidor como sempre, tem a liberdade de escolha, comprar um produto completo ou escolher um produto genérico. Fazer dietas e restrições de alimentos e temas. Escolher marcas e embalagens, capas e contracapas, consultar índices e ingredientes. Aceita informações de outros autores ou consumidores, sobre novos autores e determinadas marcas, títulos e mercadorias. Consulta a composição de alimentos e a bibliografia utilizada, para criar produtos e livros. Consulta a safra e a origem da produção, ano e cidade onde foi escrito. Já tem em mente ideias e receitas, culinárias ou medicamentosas.

O leitor, ou o comprador, pode misturar escolhas e sabores, autores e títulos para construir o seu próprio conhecimento. Saberes e sabores. Pode deixar de ser um consumidor de um produto intelectual e tornar-se um produtor de conhecimento. E então terá que buscar e conquistar seus leitores e clientes.

A produção de um livro, bem como a qualidade de um livro, depende do capital intelectual do autor. E a análise do livro a ser lido ou adquirido, depende do capital financeiro ou do capital intelectual do leitor ou comprador, que pode ler e reler um título ou um autor, e emitir uma opinião.

Tudo é uma questão de gosto, conhecimento de especialidades e especiarias; apetite e avaliação.



Em 20/12/15

Roberto Cardoso “Maracajá”

Produtor de conteúdo (Branded Content)







Texto disponível em:








Em 20/12/15

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN

sábado, 5 de dezembro de 2015

SSQL - Sextos Sentidos na Quinta Literária


SSQL - Sextos Sentidos
na Quinta Literária
 



PDF 539




No bel espaço, SSQL, a necessidade de uma percepção, uma visão de fora.

Em toda QL, o principal diante dos clientes, e seus assistentes; diante de leitores e ouvintes preferidos; diante ao seu mediador preferido; e diante de um ou mais candidatos a serem entrevistados, apresenta sempre uma história. Diante de poetas, cronistas, cordelistas e contistas, apresenta algumas informações. O número sequencial da referida QL que se inicia, a ideia inicial e como tudo começou. Em um momento de férias, para captar leitores. Quem chegou com a ideias, e que outras ideias criaram e surgiram, a partir da ideia inicial.

Termina as apresentações com elogios, até o ponto onde naquele dia chegaram. Desejando um bom evento e outras próximas e alvissareiras QLQL. QL o local onde se encontram, caçadores, pescadores, pecadores, escritores e outros mentirosos.

Sob o ponto de vista administrativo, comercial e mercadológico, um pensamento lógico. A QL foi implantada para aumentar o volume de leitores, com olhos comerciais para que se tornem clientes. Aumentar um fluxo de gente. Uma estratégia com portas abertas para que os expectadores, com objetivo de assistir as entrevistas, circulem pelos corredores repletos de livros, com temas, títulos e autores. Com algumas bancas estratégicas pelo caminho, ao alcance de olhos desatentos dos livros enfileirados no alto, e com um olhar na trilha.

Sob o ponto de vista acadêmico, um espaço para experiências, o local cientifico para pesquisar livros e autores. A história oral, contada pelos próprios autores. O cenário, o palco de guerra, para formar um conhecimento, a partir das informações que ali são deixadas, algumas filmadas e gravadas. O levantamento bibliográfico de autores e temas, o conteúdo de monografias e teses. Um espaço para mestrandos e doutorandos. A criação de livros, a produção bibliográfica, diante das academias. A construção do conhecimento.

Antes da porta do espaço cenário, um espaço que se torna galeria, tem antes um café. Um espaço estratégico para sentar, folhear um livro a ser escolhido e tomar um café. Um café dotado de outras estratégias, como local de abastecimento de passes escolares. Um fluxo diário de estudantes em busca de passagens de ônibus mais atrativas, para fazerem seus estudos e outras atividade paralelas. Não cabe saber para onde vão, e como utilizam os seus passes. E outra alternativa mercadológica, encher a livraria de estudantes, quem sabe possam se interessar por livros não didáticos. Ou voltem antes de começar um novo período letivo, com suas listas de referências bibliográficas.

Alternativas administrativas para aumentar o fluxo de caixa. E os imaginados futuros clientes dividem um pequeno espaço. Antes da QL começar, estudantes e ouvintes, se estabelecem no pequeno espaço. Não há como reclamar ou suspirar, não estão na lista de clientes preferencias. Nem os estudantes, e nem os ouvintes. Mas o café, com tantas pessoas a sua frente, lamenta não vender inúmeros simples cafezinhos e outros acepipes.

Das entrevistas surgem os lançamentos de livros. E a possibilidade de novos eventos e acontecimentos. Com os lançamentos, um maior afluxo de novos clientes e novos leitores, os leitores e amigos dos autores. A possibilidade dada ao café, com maiores vendas e até a oportunidade de ser responsável pelo buffet, oferecido nos lançamentos. A real finalidade do café no local estratégico, um escritório avançado. Mas o risco de ter que sobreviver o tempo de vacas magras, até que chegue a época da colheita. Tempos de tempestade e tempos de bonança. Nos negócios e na administração, a sazonalidade dos eventos.

No contexto inicial, tudo é compreensível e admissível. O comércio na busca incessante de parceiros e clientes. Clientes que por vezes se tornam amigos, ao lerem os mesmos livros, e gostarem de um mesmo parágrafo. Desencadeando outros tipos de relacionamentos.

E por trás das cortinas, nos bastidores, os dissabores. Os lamentos de não atingir as metas de vendas. O custos, os juros e as moras, as taxas e os emolumentos. Os custos na ponta do lápis. A visão do item por item com custos de manutenção. A visão contábil sobre uma conta, sem a visão holística dos benefícios e acontecimentos. O prejuízo visto, e o lucro previsível e desejado que não chegou. O Shangrilá que nunca chega.

E agora no momento justificado pelo momento que se diz haver uma crise. Mas também, há uma crise pontual no local, pela localização. Um ponto comercial onde passam diariamente milhares de pessoas, em velocidade, e por trás de janelas de vidros. Muitos devem ir ou vir de um shopping. E não é somente a crise, o natalence quer uma vaga na porta, para colocar seu bem maior, atrapalhando a calçada. Os outros que se lasquem, ele quer amarrar o jumento em frete à bodega. Heranças de outras plagas.

Depois de lamentos e elucubrações, uma análise difícil de avaliar, mas possível imaginar. Qual seria a situação do ponto comercial sem a QL e sem SPVA; sem ANL e sem UBE. A captação de novos e fiéis clientes é uma função contábil e administrativa, funções de administradores e estabelecimentos. Mas muitos dos frequentadores da livraria fazem o merchandising sem nada cobrar.  Levam o nome da livraria para todo lugar. É ali que marcam encontros. É ali que levam e trazem ideias. E um sexto sentido deve ser avaliado.

Ao longo de tantas QLQL, seus participantes criaram vínculos, e instintivamente elegeram a QL como o ponto de encontro. Ali encontram seus colegas e amigos, ali discutem seus projetos, ali traçam planos e livros. Ali encontram-se pessoas de Natal e de outras cidades, muitas da grande periferia metropolitana, chegando até ao Seridó. E ali desejam fazer suas comemorações, do lançamento de um livro ao brinde de aniversario, passando por momentos de alegria, ao ver seus nomes e poemas citados em uma Folha Poética. 

Os momentos de verem e mostrarem seus textos e poemas maiores, impressos nos livros e revistas. Livros da SPVA e da UBE, e revistas como a Kukukaya. Um lugar de troca de ideias e informações, trocas de experiências e indicações. Um lugar de operações e intervenções literárias; pirações e inspirações.  O meio literário flui assim, com escritores elogiando, criticando e alavancando outros escritores. Um escambo de opiniões, citações e favores.

Assim QL ganha um novo sentido. A oportunidade de ser um espaço vivido, um espaço de imersão. E talvez devam ser criadas algumas regras, de como usar o espaço, além das atividades programadas. Como entrar e como sair, como comemorar. Como usar o espaço e os serviços do café. A oportunidade de negociar, trazer novas ideias. Como se diz no popular, driblar a crise. Fazer do limão uma limonada. Criar e inventar, reinventar as pessoas e a livraria. Inovar.  

É chegado o momento de férias, tal como no início. A hora de renovar.



Texto disponível em:






 Em 5/12/15

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN



por
Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
FAPERN/UFRN/CNPq


Maracajá 


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