domingo, 29 de junho de 2014

O que não tem remédio, remediado está. (2)



O que não tem remédio, remediado está. (2)


Os quatro elementos: água, terra, fogo e ar. Podem se combinar entre si ou destruírem-se entre si, tudo depende de um ponto de vista: de um lugar, de uma situação e de um momento. Terra com fogo e água inspirados pelo vento. Fogo morro acima, e água morro abaixo, são situações difíceis de conter e controlar. O fogo sobe rapidamente ardendo tudo que encontra pela frente, por vezes soprado pelo vento. A água desce, pela ação da gravidade provocando erosão, ao escoar abrindo caminhos para sua passagem. E com o vento desespera a todos, carregando bens e pertences.

Um ciclo natural: as águas evaporadas se precipitam, correm pelos divisores de água, se encaminham para os rios, e os rios desembocam no mar. E ensinou Luiz Gonzaga, “O riacho do Navio; corre para o Pajeú; o rio Pajeú vai despejar no São Francisco; e o rio São Francisco vai bater no meio do mar”. Fechando assim o ciclo natural da água: evaporação, condensação e precipitação. Mãe Luiza alertando os navios e mais o riacho do Navio, por muito tempo, ficaram sem rádio e sem notícias das terras civilizadas.

Um ciclo natural existe, e sabia-se sobre o período de chuvas na região. Em Mãe Luiza o homem não se precipitou em criar segurança, e a água precipitou do céu, e assim criando precipícios no morro. Mas a natureza é sabia, destrói criando e dando condição de um recomeço. Destrói sob o ponto de vista de quem perdeu, constrói sob o ponto de vista da evolução, das coisas e das necessidades do mundo, do momento. As intempéries e os desígnios de Deus, pela compreensão dos homens e das companhias seguradoras. A evolução finaliza para um novo recomeçar.

Natal é natalício e nascimento. Recomeço é renascimento. Desde o dilúvio bíblico, uma lição ficou, a preparação e o recomeço. Antes do dilúvio Noé recebeu uma mensagem do céu. A meteorologia observa e analisa o céu, e faz previsões antecipadas de chuvas para o período. Noé como líder, construiu uma arca para conter sua família e seus animais, seus bens materiais e imateriais. E as lideranças informadas pela meteorologia não construíram grandes arcos de contenções, nas encostas, para proteger seu povo e seus bens, tangíveis e intangíveis.

A natureza sábia destruiu o morro, mas providenciou uma rua, mostrou uma saída, um novo começo, para Mãe Luiza. Descer em direção ao mar, na direção que o farol ilumina e alerta aos navegantes. Uma rua entre dois prédios de luxo, desembocando na avenida que beira o mar. Um dia distante desbravadores desembarcaram na praia. Tudo é um ciclo que precisa ser compreendido. As dunas são formadas a partir das praias, com ações dos ventos e das marés.

E Mãe Luiza chegou com suas areias de volta ás praias. Formando uma Mãe Preta com Areia de Luiza, na mistura de terra e mar, com silvos de ventos em águas turvas e areias pedrosas, provocando um impacto ambiental e impedindo um índice ideal de balneabilidade. Tal como o povo, Mãe Luiza, desceu saindo de uma suposta zona de conforto, também foi às ruas. E assim declarou aos quatro ventos e aos três poderes, em suas zonas de conforto, suas necessidades sociais e urbanísticas. Depois de muitas deglutições e indigestões, infecções e infestações, como uma diarreia paquidermiana.

Natal é reconhecidamente formada por dunas fixas e dunas móveis. Dunas móveis por ação dos ventos e das marés. Dunas móveis que se tornaram fixas pela vegetação que ali se instalou. Com a flora enraizada, se estabelece a fauna. E Mãe Luiza se instalou e se fixou, com suas filhas gerando descendentes, Floras e Faunas, flores e frutos, para que a enorme duna alinhada à praia se tornasse uma duna imóvel, fixa.
Mas a geografia e a geologia, assim como a Terra, estão sempre em movimento, aliadas a climatologia e a meteorologia vão movimentando, misturando-se entre si. E Mãe Luiza foi alterando suas formas e composições. Para estabelecer um acampamento, é preciso analisar o terreno antes de ocupar. É preciso planejar uma rota de fuga em situação de emergência. E Mãe Luiza fez; se instalou e planejou uma rota de fuga.

Com ajuda das chuvas e colaboração de redes de saneamento e abastecimento abriu sua rota de fuga. Lançou seu tapete de areia entre dois prédios na orla. Abriu passagem para seus moradores descer. Uma passagem tomada pelo tempo e pelas construções, com ferro, tijolos, cimento e areias, misturados e empilhados. Tomada por aqueles que cobriram sua vista para o mar. O mar da imensidão, do infinito. O mar que é o caminho para quem chega e quem sai. O mar que um dia os descobridores chegaram, e como colonizadores voltaram. Como soldados chegaram e se instalaram, depois partiram e ainda podem voltar.



Entre Natal e Parnamirim/RN ─  29/06/2014







Texto produzido para:
O Jornal de HOJE – Natal/RN
Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento

Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento

Key Words: management; quality;  knowledge




CMEC/FUNCARTE
Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes

Natal/RN




Roberto Cardoso






Votação

JULHO a OUTUBRO de 2014

Informática em Revista-Natal/RN

Candidato
DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2014
Categoria: Colunista em Informática
Categoria: Segurança da Informação



INFORMÁTICA EM REVISTA |ANO 8 | Nº 89 |PAG 20
 DEZEMBRO 2013 | NATAL/RN
PRÊMIO
DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2013
Categoria Colunista em Informática





Cientista Social
Jornalista Científico
Reiki Master & Karuna Reiki Master


Colunista/Articulista
Informática em Revista - Natal/RN
Informática em Revista - João Pessoa/PB

Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)


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terça-feira, 24 de junho de 2014

O que não tem remédio, remediado está (1)



O que não tem remédio, 
remediado está (1)


A comunidade de Mãe Luiza ao longo dos anos de sua existência ficou reguardada e restrita. Isolada e ilhada no Morro de Mãe Luiza. O topo de uma ilha nômade em um mar de areias que se movimentam com os ventos e as variações das marés ao longo da costa potiguar. Formando, removendo e recriando novas ilhas, as dunas.

Com a vegetação e população rasteira enraizada, criou suas próprias raízes, e deu estabilidade ao morro, que deixou de ser nômade. Ganhou status de bairro, fixando-se entre o mar e a cidade. Entre o mutável e o imutável, entre um espaço que o homem modifica e outro que o homem tenta entender, saber utilizar, e não temer.

Comodidades e facilidades vistas lá de cima. Com 37 metros de altura são necessários uma centena e meia, de degraus para chegar a seus olhos que enxergam a mais de 40 km das praias natalenses, cobrindo parte da costa potiguar, desde 1951. E uma estrela de cinco pontas estendida na areia, e perto do mangue, na esquina da praia, junto à foz do rio Potengi 
lhe da proteção, bem antes de sua construção.

Mãe Luiza do topo do morro, com seu nome, e seu olhar de 360 graus, por ora deslumbrava o mar por ora deslumbrava a terra. Uma hora olha para a Zona Sul e outra hora olha para a Zona Norte, ora para a Zona Leste e ora para a Zona Oeste. Todos os pontos cardeais passam pelo olhar de Mãe Luiza, quer seja de dia, ou de noite. Com a Rosa dos Ventos a seus pés cumpre seu olhar ritmado de vigilância. Sua preocupação maior é avisar e sinalizar para quem está distante na imensidão do mar e na escuridão da noite.

Embora esteja mais preocupada em avisar quem esteja distante, esta atenta a seus filhos que estão próximos a seus pés. Esta localizada entre a ponta do Calcanhar e a ponta do Cotovelo, na região lombar de um enorme elefante. Os glúteos do paquiderme participam da flora local e da flora intestinal. Pontos de vistas geográficos e anatômicos. A fisiologia do corpo e do terreno; esotéricos, com pontos de vistas climáticos e sazonais.

Ao longo dos anos Mãe Luiza soube viver e conviver, sem urbanização e sem as facilidades da vida urbana e suas modernidades. Mas quem desce do morro não morre no asfalto. Sobreviveram com suas dificuldades criando suas próprias estratégias, facilidades para obter comodidades da vida moderna.

Antes de serem teorizados os conceitos de geração e gestão de resíduos, já implantavam a teoria dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. E assim construíram suas residências, reunindo as pessoas, reduzindo custos, reutilizando materiais e reciclando ideias. Enquanto não tiveram água e luz, economizaram em beneficio da cidade. Economizaram gastos com saneamento e calçamento; atendimento e medicamento. E ajudaram a produzir bens.

O que Mãe Luiza avistava de longe, seus filhos podiam ver de perto. Moradores ao descer para trabalhar e se deslocar, em compras e passeios, podiam ver as melhorias e as mudanças que a cidade passava. Obsevaram mudanças ao longo dos anos, e mudanças às vésperas da Copa 2014. E lá longe onde era uma lagoa ainda nova, formou uma duna artificial, e uma lagoa de luz.  Em dias de festa canhões de luz disparam feixes coloridos para todas as direções. Mas não alcançam o oceano que chega junto de Mãe Luiza.

Mãe Luiza avistou as chegadas dos turistas antes dos canhões de luz da Lagoa Nova. Turistas que chegaram pelo mar e pelo ar. Um turista devoto de Nuestra Señora de Guadalupe, a Imperatriz da América (2000), Senhora dos Céus, deixou sua embarcação e lançou-se ao mar (jun/2014), e só Mãe Luiza pode saber onde ele se encontra.

Os pobres ao longo da história sempre ocuparam áreas desprezadas e renegadas pela colonização e pela urbanização. Ocuparam morros e depressões, mangues e alagados, encostas e dunas. Natal/RN, não fugiu a regra da urbanização, não sobrou espaço ao nível do mar. Entraram na Mata do Bode imaginando um Novo Mundo. Em busca de um lugar mais perto do céu, junto com uma parteira, Mãe Luiza. As populações que vieram do interior, como mariposas, foram atraídas pela luz do farol.

A engenharia e a tecnologia tornaram fáceis os acessos a lugares antes inatingíveis. Com dinheiro e mobilidade puderam tornar lugares inacessíveis em locais aprazíveis. Resultado: pobres com vista para o mar e em área nobre. E por estarem localizados em uma área nobre, ela passou a ser cobiçada por olhares pobres. Pobres de imaginação e pobres de inovação.
Ao longo da história as classes dominantes se apropriam de ideias das classes menos favorecidas. Enquanto o pobre joga partidas de peladas no meio das ruas com uma bola improvisada, a classe dominante desapropria espaços para modernas arenas. Futebol e carnaval deixam de ser capital cultural do povo para ser estratégia de dominação.

Uma classe dominante, sobre uma classe menos privilegiada. Aguardente e pinga ganham rótulo e embalagem diferenciada para ser cachaça de rico. Squash um jogo criado em celas de penitenciárias, ganhou uniforme alinhado e raquetes de carbono para serem usadas em quadras com ar condicionado.

A natureza é sábia, providenciou e abriu uma rua, para Mãe Luiza descer em direção ao mar. Uma rua entre dois prédios de luxo, desembocando na avenida beira mar. Um dia distante desbravadores desembarcaram na praia. E Mãe Luiza chegou com suas areias de volta as praias.



Entre Natal e Parnamirim/RN ─  22/06/2014







Texto produzido para:
O Jornal de HOJE – Natal/RN

Publicado em 23/06/14
Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento

Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento

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Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes

Natal/RN




Roberto Cardoso






Votação

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Categoria: Colunista em Informática
Categoria: Segurança da Informação



INFORMÁTICA EM REVISTA |ANO 8 | Nº 89 |PAG 20
 DEZEMBRO 2013 | NATAL/RN
PRÊMIO
DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2013
Categoria Colunista em Informática





Cientista Social
Jornalista Científico
Reiki Master & Karuna Reiki Master


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(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)


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quinta-feira, 12 de junho de 2014

MI Mi mi

MI Mi mi


Inúmeras leituras e inúmeras vivencias, mais outras convivências, inclusive as permanências. Proporcionam um conhecimento, um entendimento, e um reconhecimento, do campo e da sociedade. Teorias se enquadram em pessoas e situações. Situações e pessoas dão oportunidade a criação de novas teorias.

Há uma evidencia clara que as pessoas, que só falam em critérios de avaliação, critérios científicos e qualidade, isentam-se eles próprios de uma avaliação, disse Pierre Bourdieu (1930-2002) em: Os usos sociais da ciência (UNESP, 2003). Indivíduos que se julgam um modelo inatacável, o mestre intelectual, o mais inteligente, um modelo de inclusão. Master of the ilumination.

Mestres com motivos e interesses inconscientes são movidos [1] e mantidos por uma inércia. Uma vez que estão afastados da pesquisa, são solidários da rotina (Bourdieu). E por estarem à margem, são movidos de um interesse inconsciente em desqualificar o que é eminente (idem). Não praticam a invenção para criar a inovação.

Um modelo onde o docente desde quando discente, se portou e comportou como um leitor das teses e das teorias; dos livros e das apostilas; dos conceitos e dos preceitos; das normas e dos procedimentos. Criando assim uma aversão e desconfiança a novos argumentos, novos autores e criadores. Fenômeno observado com mais evidencia nos cursos literários, mas muito comum também nas ciências, segundo Bourdieu. Não fazem se não, repetir modelos e matrizes copiadas e importadas.

Modelos de formação da era medieval, quando existiam os copistas, quando o conhecimento difundia-se por, e entre os copistas. Quando o conhecimento encontrava-se entre os muros de um convento. Aprendia-se um conteúdo por: copiar, escrever e repetir, depois escrever novamente [2]. Sem participar de experiências e experimentos. Sem criar tentativas e alternativas, erros e acertos.  O conhecimento surgiu dentro da igreja, e as escolas copiaram o modelo de formação e adequação de alunos. Enquanto outros se apropriaram do conhecimento (A usurpação da ciência. Cardoso R. Jornal de HOJE, 2013) [3]

O mundo inteligente com modelos inconsequentes. Modelos internacionais. Sempre invadiram o mercado interno, multinacionais com modelos importados. Montadoras industriais com motores e ignição, criando modelos individuais. Modelos importados, moldados e instituídos por um marketing institucional. Modelos imbuídos de mudanças e investimentos.  

Falar e discursar sobre o mercado interno e o mercado internacional. Métodos inovadores e modelos de incentivos, puras metodologias inventadas. Matrizes indicadoras com modelos importados, copiadas com motivos irracionais.

MI Mi mi. Modelos internacionais, para mudanças industriais em mundos irreais. Matrizes insipientes com modelos insuficientes, criando mudanças insatisfatórias.

Quanto mais se é autônomo, mais se tem chance de dispor da autoridade específica (novamente Bourdieu). Ou seja, quem esta fora do campo tem uma autorização, uma liberdade, uma autoridade literária ou científica que permite emitir uma opinião. A comunidade científica funciona como um microcosmo, onde seres microscópios se combatem e se devoram continuamente. Um campo com disputas e concorrências.


[1] O grifo é meu. No texto original: “Os professores tem interesses inconsciente pela inércia”
[1] Os livros eram feito um a um.
[1] A usurpação da ciência, partes:  (1), (2), (3), (4), (5) e (6). Publicado em agosto e setembro de 2013. Jornal de HOJE – Natal/RN.



Roberto Cardoso
(Maracajá)

Entre Natal e Parnamirim/RN ─  12/06/2014

MI Mi mi
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